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Dossier "Simbologia Grupal" - III Parte


Continuando o Dossier sobre Simbologia Grupal, já aqui reforçamos que uma das premissas base assenta na estrutura grupal. É a partir dessa vivência grupal que cada um constrói a sua identidade e assim afirma a sua Simbologia pessoal. Este é um caminho faseado, sem prazos e que evolui no seio do grupo. Sabemos que parece confuso, mas aqui fica o depoimento de Bernardo Miranda sobre a sua caminhada em grupo, para alimentar ainda mais esta saudável confusão:
Uma pessoa (detesto o termo individuo), um grupo, não significa uma, mas várias acções. É resumidamente com estas palavras que eu posso descrever a minha vivência em grupo. Mas como gosto de escrever vou aprofundar um pouco a minha história, já que não é todos os dias que me endereçam um convite para escrever um artigo.
Já agora o meu muito obrigado aqueles que confiaram em mim. Voltando á minha história vou começar pelo principio, para que não hajam confusões e porque a directora do jornal exigiu. (artigo será publicado na Animateca – Jornal da PASEC).
Uma pessoa: Bernardo Miranda, um jovem, na altura com 12 anos, que tinha duas horas por semana livres que queria ocupar com um grupo em vez de estar num sofá a comer croissants e a jogar Playstation. Um jovem que tinha um relativo potencial que não estava definido, um sentido de humor bastante agradável, um curioso por Natureza, um construtor de teorias inimagináveis, um conversador nato (se bem que fala-barato também não ficava mal), um mobilizador das suas vontades e um líder “sem-querer”. Era assim que eu me poderia definir por volta dos meus doze anos. Claro que não era só isto, pois era e sou uma pessoa de relativa complexidade. Logo também era um pouco resmungão, alérgico a relógios, um quanto ou nada molengão (a título de curiosidade o meu anão preferido era o Soneca) e sempre tive aquele síndrome de ser do “contra”. Em suma tinha qualidades e defeitos. Era uma pessoa equilibrada.
Voltando ao que interessa (já que para falar de mim já existe a minha mãe), voltámos á parte em que me inseri em grupos. Sempre que isto aconteceu, até porque isto aconteceu diversas vezes, foi sempre de uma forma natural e espontânea, era algo que parecia estar sempre predestinado a acontecer. O que vou referir neste texto, em termos de grupo, vai ser relativo ao Grupo Cavaleiros.
Neste grupo existiram momentos que vão ter sempre lugar cativo no meu cérebro. Foi com este grupo em que eu defini as traves mestras e pilares que sustentaram grande parte do meu SER ( engraçado este trocadilho que acabei de fazer com o nome o meu actual grupo).
Quando estava neste grupo parecia que era mágico ou um mago com super-poderes. E porquê? Porque jogar á bola com eles nunca era apenas isso, eram momentos que tinham a sua parte de especial, quer pelas piadas, quer pelas discussões que tínhamos ou pelas teorias que inventava-mos. E era um mago com super-poderes porque parecia que tinha o poder de parar o tempo nas reuniões e de saborear todos os silêncios que pudessem existir ou beber a suposta “sabedoria” que alguns deles insistiam em me passar. Foi neste grupo que o ser protagonista fazia verdadeiramente sentido já que podia fazer a real diferença.
Foi neste grupo que conheci e experimentei emoções, sentimentos, perdas e conquistas que para mim pareciam inalcançáveis e que hoje, passados alguns anos, me levam a pensar que se não tivesse feito ou experimentado nada daquilo, não poderia dar o contributo que dou à PASEC hoje em dia (assim como outros). Provavelmente até as conquistas não seriam tão grandes como aquelas que fizemos até agora. E que “alguém” permita que no futuro as consideremos pequenas.
Foi no grupo e com ele que uma comunidade (Bairro das Lameiras) beneficiou e melhorou. Não porque tivesse-mos feito grandes coisas mas sim, porque aquelas pequenas que fizemos, eram aquelas que as pessoas queriam. Conseguimos realizar de alguma forma, nem que tivesse sido uma ínfima parte, uma pessoa. Isso ninguém me pode tirar. Nem ao meu grupo.
Foi com o meu grupo que eu consegui agir, mover, espevitar e colocar em prática o meu potencial. O meu muito obrigado a todos vocês. Poderia imaginar que hoje seria uma pessoa diferente se não vos tivesse conhecido. Mas prefiro dizer-vos que vocês fizeram um bom trabalho comigo.
Poderia também vos falar do grupo em forma de sonho ou fantasia que não está ao alcance de todos ou que é um privilégio muito grande. Mas neste momento, o grupo para mim é uma realidade e espero que para vocês também. O meu símbolo, o GATO NEGRO, só o confirma…
Bernardo Miranda

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